sábado, outubro 07, 2006

Raramente vou ao Pigalle, mas é um café à moda antiga. Gosto de lá estar, sobretudo sozinha (chego à conclusão de que gosto muito de estar sozinha; sou cada vez pior companhia). Hoje fui lá. Pedi o meu café, fiquei sentada perto da porta, para poder estar em silêncio a olhar para os carros e para as pessoas. Acendi o cigarro, meti a colher no café para o mexer, embora não ponha açúcar, e virei a chávena por cima da mesa e das minhas pernas. Não me queimei. Não gritei. Continuei sozinha e serena. Pedi outro, se faz favor. O rapaz ao meu lado disse-me, estranha e educadamente: “Ontem, aconteceu-me o mesmo, mas com um copo de leite. Ninguém se riu no café, mas estavam todos com vontade de o fazer, tenho a certeza. Por isso, agora, se não te importas, vou-me rir”. E riu-se. Eu também. E o sossego poético foi-se...

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