Nada resta para dizer que não seja este cigarro. Nem janelas. Nada nas distâncias que outrora prometeram ser percorridas sozinhas. Nada nesta janela. Nada que não seja uma solidão disfarçada, a que sai deste cigarro. E o sonho não pode ser de outra forma, porque não tem forma. O sonho é isso, só isto: o fumo que sai deste cigarro. O sonho é só isso - sonhar porque se está sozinho. E calo-me diante de tantos prédios. Tantas janelas. E procuro perguntar em silêncio. Saber que há. No meio de tantas luzes escondidas, vejo tudo. Não há nada. E sou tão feliz nestes minutos que podia viver toda a noite.
(foto:René Burri)
Sem comentários:
Enviar um comentário