sexta-feira, julho 07, 2006



Nada resta para dizer que não seja este cigarro. Nem janelas. Nada nas distâncias que outrora prometeram ser percorridas sozinhas. Nada nesta janela. Nada que não seja uma solidão disfarçada, a que sai deste cigarro. E o sonho não pode ser de outra forma, porque não tem forma. O sonho é isso, só isto: o fumo que sai deste cigarro. O sonho é só isso - sonhar porque se está sozinho. E calo-me diante de tantos prédios. Tantas janelas. E procuro perguntar em silêncio. Saber que há. No meio de tantas luzes escondidas, vejo tudo. Não há nada. E sou tão feliz nestes minutos que podia viver toda a noite.
(foto:René Burri)

Sem comentários:

Arquivo do blogue