Não havia idade. Havia a vida inteira, para trás e para a frente, virada do avesso, na mágoa, no amor, na traição, na carne, na paz, nas pazes. O sonho, nenhuma moral, a vontade toda, o inferno, a ternura. Dentro deles cabia tudo. Não há muita gente que entenda isso. Não tinham certezas e tinham o mar em ondas de incógnitas e de aventuras, afogados e agarrados. Já não tinham corpo, apenas mãos e pés. Noites, frios, medos. A adolescência e a infância também já eram velhice. Lá fora, estava tudo. As estradas pareciam-se com outros rostos, que os dois conheciam e permitiam, como se fossem estranhos que nunca vão ousar entrar e já estivessem lá dentro. Chegaram a jurar que o fariam como se o mundo fosse um sítio para correr, mas não parecia, naquelas noites iguais, haver espaço nem para mais uma respiração. A mais veloz de todas fazia até chorar. Os corpos existiam mas já não podiam ser acordados nem descobertos nas madrugadas. Eles eram manhãs todos os dias, passavam pela bruma sonâmbulos, e acordavam sempre juntos.
Abraço de espuma.
Jura-me um só segredo, eterno.
Abraço-te de espuma
Jura-me um só e eu segredo: eterno.
1 comentário:
it will be the sun again - the everlasting breath, your soul, the world, doors open, universe reachs peace... we are finally something*** Appreciated a lot! Baci***
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