Conheço três amigas, tão amigas e tão diferentes que é impossível não sorrir quando penso nas três a conversar. Uma é despachada, basta dizer que a sua expressão preferida é “arrumar com isto, arrumar com aquilo”, “dominar isto, dominar aquilo”. Nada de impressionante, não fosse o facto de arrumar mesmo com tudo. Arruma com cidades, com passeios, com exames. Arruma com tudo, o importante é despachar tudo que a vida são dois dias e amanha há que seguir em frente. Ela tem mais que fazer. A outra fala pelos cotovelos e num volume capaz de acordar um morto. Repara em pormenores que mais ninguém repara e faz as observações mais desconcertantes de todos os tempos, capazes de arruinar a mais elaborada fantasia acerca de alguém. Por exemplo, se uma das outras duas diz que fulano é mesmo interessante e inteligente, ela diz que sim, mas que parece que levou com um tacho na cara. Primeiro faz-se silêncio, tenta-se perceber o alcance da coisa, mas o que perturba é que normalmente ela tem mesmo razão, aquela pessoa parece ter levado com um tacho na cara, por exemplo. A terceira personagem, normalmente mais melancólica, sonha todos os dias com estas duas amigas porque elas sabem desdramatizar a vida como mais ninguém. E sabem rir, as três juntas sabem bem rir. E sabe tão bem.
9 comentários:
"Três AMIGAS"
"Eram três AMIGAS desfolhando a sorte
Acenando os dotes que a vida lhes deu
Eram três compinchas a tagarelar
Dispunham de tempo e espaço
O limite era o céu.
Eram três AMIGAS
Eram unha com carne
Semeando os gestos ao deus dará
Eram protagonistas nos retratos
Entre um decote mais ousado
E um golo de chá
(...)
Eram três AMIGAS
Entretendo o tempo, tecendo muros de papel
Eram três comadres desconversando
Perdidas no traço fino
Entre o fel e o mel."
Eram três amigas
Que viviam longe, bastante longe,
mas que sabiam rir, sorrir e amar
como ninguém....
(Apesar da música "Duas Amigas" do Jorge Palma não se aplicar inteiramente ao nosso caso, fiz uma pequena e modesta adaptação, inteiramente dedicada às TRÊS AMIGAS: "Despachada", "Tacho falante" e Melancólica". Queridas: "o nosso limite é o céu"!!!!!
esta adaptação está muito boa.
É mesmo isto, as nossas conversas oscilam entre o mel e o fel, situam-se entre o decote mais ousado e o golo de chá.
p.s. - tu nao és tacho falante, és apenas falante, tachos são os outros!
essa carinha jamais podia ter levado com um tacho... um monumento vivo é o que é.
a alcunha "despachada" para a senhora que anda neste momento a galgar o país serve bem. É despachada, cheia de sangue na guelra e vontade. E é a pessoa mais fotogénica que conheço e com um dos sorrisos mais bonitos de que há registo.
qto à melancolia..., não sei como têm paciência para me aturar, sou muito chata? sempre a fazer as mesmas perguntas sem resposta? mas isto vai mudar. Não vou deixar de fumar, mas vou inscrever-me num ginásio (a probabilidade de uma coisa acontecer era quase tão diminuta como a outra). E gostava de ir para o kickboxing (acho q é assim q se chama). Não sei quem sou! Amo-vos.
beijos às duas - só tenho pena que nao estejam cá.
De facto, a minha cara n levou com um tacho. O meu coração é q levou com o trem de cozinha completo, de tal forma que me sinto um insignificante e miserável quadrado de sushi quando está na "rampa de lançamento" para ser devorado sofregamente por uma boquinha de dois milímetros!
E, por falar nestes seres"Suzukianos"/"Mitsubishianos"/
toshibianos", o CD q me ofertaram é mesmo um vício. Obrigada por colaborarem nesta desgraça....Mas, outra coisa n era de esperar. Cabe aos verdadeiros amigos "alimentar o sofrimento", caso contrário não são mesmo amigos, são pais. O amigo cuida das feridas: rega-as, limpa-as, tira-lhes as folhas caídas (...)Em suma, confere-lhe dignidade. O inimigo, por seu turno,aproveita-se da ferida, dá-lhe veneno, atira lixo, cospe, pisa, mas sorri como se fosse digno de o fazer.
Quanto ao kickboxing, Maria João, parece-me uma excelente opção para quem nunca praticou desporto. É como aquelas pessoas q nunca cozinharam mas o primeiro prato, em vez de um modesto arroz branco com um bifinho, querem logo apresentar serviço e "mandam" para a mesa aquilo q - apenas em teoria - seria uma bela feijoada. Todavia, continuo a achar q esta modalidade vai ser a tua (não)cara, para não ir mais longe.... Qd souberes a técnica do pescoço do professor da Noquitos avisa. Toda a gente tem a sua lista negra... Já dizia o Rui Veloso: "nem eu/nem tu/fugimos à regra".
Qto ao "Não sei quem sou", quando vires a placa com essa direcção dá um toque, acho q vais ter mtos seguidores. Quase que posso antever que esse local se tranforme em qq coisa como um novo santuário, tipo Fátima ou Lourdes.Do ponto de vista económico, até pode ser mto lucrativo, uma óptima alternativa às regras laborais imperialistas do Público.Não te esqueças q desde dentes infantis, até panos de linho, mobiliário e cheques bem nutridos, vais ter de tudo.É só escolher o q te faz falta em determinado momento. Olha q um dentinho de leite imaculado e sem cáries pode ser um bem precioso na velhice....
Qto à Ana, ela n anda a galgar o país, ela anda mesmo a despachar/arrumar o nosso querido Portugal. Ela vai fazer num mês o q D. Afonso Henriques nunca fez em vida!!!!!lololololo
Beijos nipónicos (algo q n existe, na verdade)
Amigas, cá estou eu! Entre o intervalo de uma chamada bipada e o toque do telefone. A dominar urgências médicas. Na verdade estou a adorar o contacto com o submundo hospitalar! Nada de despachar, mas de interiorizar e de colher para dentro! Maria, que me lembras a ostra melancólica do Tim Burton, adoro quando dizes que nos amas, assim com a simplicidade de um golo de chá, porque quer dizer, os sentimentos são para lançarmos ao mundo ;) Paula Cristina, tu és o sumo de toda a originalidade, fonte de surpresas, amiga dos teus amigos! E o limite é o céu! Adoro-vos! (escrevo brevemente um post com mais disponibilidade)
eu não digo que amo alguém com muita facilidade, mas quando o digo é simples: digo-o sem pensar, digo-o simplesmente. Se penso antes de o dizer é porque já não é simples, é porque não deve ser dito. e não o digo. porque, às tantas, nao é verdadeiro. Cada vez me convenço mais de que as únicas verdades são simples.
Pois... eu acho tudo uma palhaçada, mas de vez em quando, e só porque é mesmo verdade, também gosto de expôr o meu amor com simplicidade :)
Desafio que lanço às meninas:
Um blogue das três? para pormos a conversa em dia, à distância?
Acho giro! Vamos la..
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