serão só manhãs tristes de chuva?
Desci a rua cinzenta, levemente abatida pela chuva miúda. Não eu, mas rua. Era a rua que me parecia abatida, triste, silenciosa, num ligeiro rumor de manhã cansada que acordou mais uma vez para mais um dia. E mais um, e mais um. Era isto nos rostos, nas gotas transparentes no vidro do autocarro. Às sete da manhã, ninguém barafusta contra a injustiça de estar longe de um corpo nu e amado nos lençóis. Às sete da manhã, ou às seis, ou às cinco, faltam só umas horas para tudo terminar e nenhuma, nenhuma cara me pareceu bonita no autocarro, nas avenidas, nas portas de cafés, nas esquinas. Nem melancólicas, nada. Olhos negros, corroídos pela vida e pelo trabalho.
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