Onde mora Bach?
A cidade está suspensa a meio da avenida. Ela pára no semáforo, vê as luzes lá fora, a publicidade incandescente e ensurdecedora. Dentro do carro, não a ouve. É Bach quem toca. Depois, outros compositores famosos passam no programa especial da rádio. Tudo parece estático, apesar do movimento desenfreado da chuva e das pessoas cinzentas. Ela detém-se na avenida, à espera do verde para avançar. Vê as luzes, as cores, os carros, as pessoas, o frenesim habitual por detrás dos pára-brisas. Nada faz sentido. Nada, a não ser Bach, pertence àquele sítio. E o pior, é que tudo e todos - menos Bach - vivem lá todos os dias. De um lado para o outro. De um lado para o outro. Todos, todos os dias.
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